Odeio preconceito...sempre detestei.
Meus pais, avós, exalavam preconceito por todos os poros.
Eu achava que era coisa de gente velha aquilo. Meu avô então... os empregados eram tratados como empregados. E se fossem negros então, nem se fala!..grosseria e separatismo total.
Minha avó materna era preconceituosa com qualquer um que fosse a ela estranho.
Sua ironia, seu sarcasmo para com quem era estranho e adentrava as portas do castelo dela era até engraçado, de certa forma.
Aos 96 anos, entes mesmo de morrer, numa cadeira de rodas, sem enxergar direito, fui visita-la com uma amiga minha, negra. Ao entrar, sentamos e ficamos conversando, ou melhor, gritando com ela, para que ela ouvisse o que estavamos falando, porque já tava meio surda.
Ela estava folheando um livrinho infantil de historias bíblicas, que minha tia, que cuidava dela, arrumou pra passar o tempo.
Quando ela reparou que Lívia, minha amiga, era negra..ela começou a perguntar, mais ou menos no numero 2 do volume do seu som..hehehe..baixinho: "Quem é essa preta?"...eu respondi educadamente: "É minha amiga, Lívia Vovó Laura!"..e Lívia, também educadamente respondeu: "Sou Livia, amiga de Helena, tudo bem, D. Laura?"....
Ela começou a mudar os decibéis, a passar pros numeros 3, 5, 7...10!!...de volume altíssimo, repetindo cumpulsivamente: "QUEEEM É ESSA PREEEEEEEEEEEEEEEEEEETA???"...
Eu e Lívia saimos de lá nos acabando de rir...
A véia morreu e deve ta no ceu só de brancos, né?..só pode..e olhe que era crente, viu?...Imagine se não fosse.
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Um dos meus primeiros namorados: negro.
Nossa...eu achava ele tudo de bom!...Eu lá pelos meus 14 aninhos..(sempre fui namoradeira mesmo, desde cedo)... Ele já tinha 18...nossa..uma "super-cabeça", como costumavamos chamar os que interagiam melhor..
Eu adorava o jeito dele..carinhoso, metido..bossal..que nao dava ousadia a qualquer uma..
E um dia, caiu de quatro por euzinha..passou hoooooras conversando comigo e pimba, me beijou e estavamos apaixonados!.. Foi na minha casa...minha mãe, embora seu preconceito fosse todo enfeitadinho, tipo: empregado é empregado, não pode se aproximar da sala onde o chefe da casa está, não pode ver TV junto com os da casa, tem que comer depois de todos...nós, que praticamente fomos criados, eu e meus manos, com elas, as empregadas, pois eles trabalhavam o dia inteiro que Deus deu, tínhamos que trata-las muitissimo bem e NUNCA, sob pena de castigo, chama-las de empregadas.
Bem..minha mãe..ao avistar Marco, meu Deus de Ébano, olhou de soslaio apenas e cumprimentou sempre na sua peculiar sobriedade e gentileza.
Marco foi-se e ela virou pra mim e disse:
-- "Ô minha filhinha...posso só dizer uma coisinha?...vc não acha que...cada macaco no seu galho?"...
Hahahahahah..não preciso dizer mais nada. Fiquei pasma. Primeira vontade de cometer um matricídio não vou mentir pra vcs. Dessa idade a gente tem algumas vontades assim.
Sabem?...minha mãe ja morreu. E, quando ela estava na UTI, sabem quem foi um dos médicos que estavam cuidando dela? Marco, que hj é um dos maiores e melhores médicos nefrologistas da cidade.

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Bem...observei outro dia, embora não tenha preconceito, que, acho que tenho sim preconceito ao contrário..hehehe.. Morro de preconceito contra gente estúpida, vazia e fútil.
Será que isso é preconceito?..será que é intolerância?... Não sei.. tsk, tsk, tsk...

Comentários

Anônimo disse…
È legal vc falar abertamente de preconceito assim, geralmente as pessoas tem vergonha de admitir que possuem parentes preconceituosos, valeu por colocar isso "em preto no branco".

tchau.
Anônimo disse…
Helenita, como voce define pessoas vazias, fúteis? Qualquer que seja seu critério, voce não gostar delas é um direito. Mas acho que não é preconceito. Preconceito é você supor, em primeiras impressões, que aquelas pessoas são, vazias, fúteis. Dando chance a todo mundo se mostrar, reservo-me o direito de escolher a quem gostar.
Cristóvão, preconceituoso com tucanos e flamenguistas...
sergio marcone disse…
Helena, se for pra montar um Ku Klux Klan pra essa galera q vc enumerou aí, tô dentro. Brincadeira... na realidade o q vc sente,a meu ver, não é preconceito, já qua a idéia formada em relação a essas beldades devem ser visíveis, acredito eu. Eu mudaria para antipatia, ou, para ser politicamente correto (arghhhh), desejo consciente de repelir a presença de pessoa desprovida de certa quantidade suficiente de neurônios capaz de produzir agilidade de pensamento e raciocínio.

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