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01/10/2006 - 22h47

Wagner surpreende, interrompe "carlismo" e dá vitória ao PT na Bahia

UOL - Da Redação
Em São Paulo

O ex-ministro Jaques Wagner, candidato petista ao governo da Bahia, mostrou um crescimento surpreendente na última semana antes da eleição e, contrariando as expectativas, derrotou o atual governador, Paulo Souto (PFL), já no primeiro turno e está eleito para sucedê-lo a partir do ano que vem.

"Hoje a Bahia vai dormir feliz. Uma nuvem que pairava há 16 anos está se dissipando", afirmou Wagner numa entrevista coletiva informal no salão de festas do edifício onde mora.

No Palácio de Ondina, o governador Paulo Souto (PFL) admitiu sua derrota.

Na terça-feira passada, o petista aparecia em uma pesquisa do Ibope com 31% das intenções de voto, contra 48% de Paulo Souto, que seria eleito no primeiro turno, de acordo com o levantamento.

Ex-ministro do Trabalho, da Secretaria Especial do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e de Coordenação Política e Articulação Institucional do governo Lula, Wagner é amigo de longa data e um dos maiores aliados do presidente. E, na campanha, apoiou-se no espólio do governo federal, bem avaliado na Bahia.

Com a vitória, Wagner coloca fim a uma hegemonia de 16 anos de "carlismo" no Estado, ou seja, 16 anos seguidos de governos de apadrinhados do senador Antonio Carlos Magalhães. Paulo Souto, que nunca havia perdido uma eleição, tentava seu terceiro mandato.

Conhecido pelo perfil discreto e de diálogo com a oposição, Wagner sobreviveu às várias quedas no governo federal. O candidato deixou Brasília no final de março para concorrer ao governo baiano. À época, a imprensa reduziu a candidatura à tarefa de dar a Lula um palanque forte no Estado, mas o petista diz que entrou na disputa para ganhar. "Lula não precisa de palanque na Bahia", disse em entrevista ao UOL.

Wagner começou na política em 1968, pelo PC do B. No movimento estudantil, presidiu o diretório acadêmico da Faculdade de Engenharia da PUC-RJ. Em 1973, a ditadura o fez mudar-se para Salvador, onde iniciou a militância sindical - empregado na indústria petroquímica, foi presidente do Sindiquímica entre 1987 e 1989.

Antes, em 1980, filiou-se ao PT e ajudou a fundar a CUT na Bahia. Wagner foi eleito deputado federal pela primeira vez em 1990, e reeleito em 1994 e 1998. Antes de disputar o governo em 2002, foi candidato a prefeito de Camaçari, onde mora, em 1996.

O candidato tem 55 anos, é casado e pai de três filhos.

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