Meu novo velho violão?
Estava vendo uma reportagem sobre os luthiers (profissionais especializados na construção e no reparo de instrumentos de corda com caixa de ressonância, tais como a guitarra e o violino), e um dos comentários de um dos maiores do Brasil foi de que antes, as madeiras que chegavam à sua ascendência no ramo, como pai, avô (que deixaram o legado, o aprendizado para ele), eram madeiras de lei, pesadas, duradouras, para a confecção e fabricação de intrumentos, o que o permite hoje reconhecer uma boa madeira, só em olhar e avalia-la. Disse também que hoje o que ele vê nos instrumentos são só "compensado", um material frágil, com vida útil totalmente reduzida para um intrumento, que chega a ser, para quem toca, um bem valioso. Claro, comecei a pensar e questionar. Por que o mundo está assim? Confesso ter me tornado uma pessoa completamente pessimista quanto aos destinos do homem, esse ser carnal. Por que o ANTES sempre tem sido mais valorizado que o AGORA? Por que as coisas de antigamente eram melhores, a violência era menor, os pais e filhos eram mais respeitosos, a qualidade dos objetos era maior ( quantas vezes ouvimos dizer que as camas, os nossos objetos, eletrodomésticos de casa "hoje em dia não valem nada!"), os valores eram mais fiéis e consagrados? Por que a rapidez, a tecnologia não vieram para somar apenas e não para subtrair? Por que a música era mais apuradamente estudada e seus representantes não a utilizavam de forma torpe e vulgar, só para fins comerciais? Bate um certo desespero mental, um certo desconforto por ver tanta perniciosidade e o homem se degradando, numa rapidez impressionante (essa frase não tem fins moralistas). Quais os valores que meus filhos terão? Eu só preciso lamentar e faze-los ouvir Hendrix e outros que já "passaram"? Sim, porque até Iamandu ouviu Hendrix. Não, eu não estou entendendo nada. A contracultura era a mola mestra para o novo? Então, o que de novo virá é só irresponsabilidade social, corrupção governamental, irresponsabilidade e indiferença nos relacionamentos, desrespeito, música ruim (vide coisas horrendas como Kalypso), falta de amor, desrespeitos no âmbito profissional (hoje já existe além do assédio sexual, o 'assédio moral'), desigualdade social (sempre existiu mas hoje é maior, segundo estatísticas)? Me chame de fatalista. Eu não me importo. Como um grão de areia numa praia imensa, vou tentar sobreviver a esse caos e sair ilesa. Não conseguirei tal intento completamente, mas, ao assumir, enxergar, constatar numa criticidade pertinente, pelo menos vou tentado passar por cima de uma modernidade saudosista, que enobrece o antigo, como melhor, para somar meus valores hodiernos. O bombardeio hoje de que as brincadeiras da infância antes eram mais saudáveis, as relações também, as coisas também, até os equipamentos em que por exemplo eram ouvidos nossos vinis não tinham a qualidade sonora e tecnológica de hoje, mas, não sei, parece que nos davam mais prazer, mais sensações legais, menos vazios, como hoje os inúmeros Cd´s, MP3, Ipods, que temos, dão...Essas informações de que o ANTES era mais contundente, chegam sempre numa avalanche assustadora, e muitas vezes sutil até, em comentários ingênuos de amigos mais velhos, dos pais, dos avós. E o pior que é verdade!..(risos). A sobrevivência com relação a isso realmente só conseguem os de mente muito centrada, e, minha resposta com relação à essa degradação é esta: as pessoas não estão conseguindo administrar essa loucura! Partem então pra uma bagunça generalizada, violência, desconcentração de renda, poluição, etc. É muito louco!...e eu?...eu... Vou seguindo tentando ser feliz, entendendo o outro, buscando relações honestas e recíprocas em amor e consideração, verdades, respeito, consciência, buscando um equilíbrio mental, um auto-controle sempre, fazendo do velho, o meu novo. Bem...eu assumo, meu violão é de compensado, mas eu gostaria que fosse de madeira firme, de lei, como era o do meu avô...
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