Amo meus filhos...mas...
... Acho mesmo que hoje são tudo que mais amo na vida. Mas, dizer que gostei dessas etapas aí, que passaram, eu estaria mentindo. E mentira não é comigo mais. Não gostei de ficar grávida, não gostei de parir, não gostei de amamentar. Fui uma boa mãe sempre, porque, óbvio, existia ali um serzinho precisando de mim, dos meus amparos, etc. O vinculo existia, natural. Mas eu desejava imensamente que eles crescessem logo. Ontem compartilhei dessa mesma coisa com outra amiga, mãe, da minha idade inclusive, que tambem estava falando que detestou tudo isso e eu era a primeira que ouvia isso dela. Já estou vendo alguns olhares de reprovação. Isso fu eu. Existem sim, a maioria aliás, das mulheres-mães, que, admiravelmente, adoram, se apegam a isso. São extremamente maternais, sentem saudade dos seus bebezinhos, amamentam o menino até ele estar indo pra escola, deletam seus desejos até, etc. Eu não gostei. Mas, dentro disso tudo, fui presenteada mesmo com essa subjetividade, esse amor, que deveria ter outra designação pro que seja ser mãe. É um sentimento aprendido também, tem-se que admitir-se isso. Por isso o choque, que a psicanálise explica muito bem, quando vemos mães jogando filhos fora, desprezando-os, milhares de crianças em orfanatos. Não, instinto natural de ser mãe existe sim, mas, a preparação, tem que ser efetiva também, para tão grande responsabilidade, concatenada com o ser mulher, ativa, sexy, safa, independente, feliz, sexual. Hoje eu amo muito ser mãe. As primeiras emoções de ver dar os primeiros passos, falar, o cheirinho junto de voce quando deita juntinho, as preocupações. Mas, tudo é tambem novo e deve ser encarado como tal, a cada dia e etapas cumpridas. Ser mãe não é um pacote pronto. É compatível com uma ansiedade em aprender o que fazer com 'aquilo' que saiu de dentro de você, aliado aos seus projetos de vida e felicidade e realização pessoal sim. Mas a sociedade, a religião, a igreja, sei lá o que, faz disso algo que parece ser uma obrigadação, que já nasce na hora que o rebento vem ao mundo. Não, mãe é divino, mas também é humano. E eu sou essencialmente humana, e meus filhos hoje sabem disso. Meus sentimentos, emoções, medos, falhas, prazeres, são compartilhados abertamente por eles, sem medo de ser feliz. Preciso ser coerente, mesmo sendo mãe. Eles precisam ver que a mãe deles, que não gostou nem teve paciência de amantentá-los, hoje tem paciência em ouvi-los quando estão enfrentando problemas que pra cada idade, tem a dimensão apropriada, assim como aos 18 anos eu não estava preparada pra ser mãe, talvez. Sou igual a eles hoje. Não tive nem tenho estrutura pra ter filhos e graças a Deus tive dois homens, que andam de cuequinhas, pela casa, não exigem tanta proteção como meninas. Sou realmente agraciada por ser essa mãe que sou e ter os filhos que tenho. Mas isso sou eu...E não queria mais que fosse diferente.
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(Foto montagem acima feita por Daniel)
Comentários
Eu totalmente ao contrário de vc(acho que por ter parido com 23 anos,um pouco mais madura ,mais também enfrentando uma "coisa" nova).
Amei demais amamentar, meu filhote mamou a gloriosa marca de 2 anos e 5 meses.....e meu peito nem caiu Hehehheee
Fiquei linda grávida(mesmo com então 30 quilos a mais...)
Amei tudo e amo mais ainda a cada dia ...a cada nova realização e descoberta dele...
E acho que ser mãe é principalmente isso: A cumplicidade que temos com eles, sejam quando pequeninos, sejam já homens feitos como os seus...
Mas numa coisa nos igualamos... temos a felicidade de ter filhos ...que "andam de cuequinha pela casa..." Pois acjo que como vc, não me vejo mãe de menininha... sei lá ... talvez...
Feliz dias das mães!!!!! ;-) ****
Ser Mae nao eh brincadeira nao... Mas eu sei bem o qto vc ama seus filhos, meus sobrinhos queridos... Sem perder de vista o realismo...
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É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.
É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
em o céu de sempre.
O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.
O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.
O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.
Cecilia Meireles