Não é Rock'n Roll!

Rock´n´roll não é Elvis Presley, Bo Bidley. Rock´n´roll não é jaqueta de couro. Não é o discurso agudo de Dylan com frases tortas. Rock´n´roll não é o chiado do vinil, cabelo comprido ou a boca de Mick Jagger. Não é o Stones todo, ou toda a insatisfação. Não é Lennon, Paul, George ou Ringo. Rock´n´roll não é Beatles ou o seu legado. Não é o uníssono da arquibancada nem o desmaio da menina. Rock´n´roll não é a freira sorrindo no festival Woodstock de 500 mil pessoas celebrando a paz e o amor. Rock´n´roll não é a guitarra inflamada de Hendrix, nem toda a microfonia de Star-Spangled Banner no Vietnã... Não é Roberto Carlos, Tremendão ou Vandeca. Rock´n´roll não é jovem guarda, João Gilberto nem Torquato. Rock´n´roll não é a tropicália, Caetano proibindo o proibir, Gil querendo voltar ao Brasil, meu nome é Gal ou Mutantes quebrando a pasmaceira do redundante. Rock´n´roll não é batik, jeans velho e desbotado, Che Guevara e botton de Stalin. Não é o cabelo vermelho de Ziggy, nem todos personagens de Bowie. Rock´n´roll não é a mosca na sopa ou uma metamorfose ambulante. Rock´n´roll não é a velocidade das mãos de Ritchie Blackmore ou o agudo de Gillan. Rock´n´roll não é a guitarra espasmódica de Neil Young, os três acordes dos Ramones, a poesia desgrenhada de Patti Smith, a estética trash dos Pistols nem a morte de Sid Vicious. Rock´n´roll não é o passeio gótico do Cure, o convite à dança do B´52, o messianismo de Bono ou a sensibilidade de Michael Stipe. Rock´n´roll não é Legião Urbana e não é Ira! Nem a fúria dos Titãs. Rock´n´roll não é o laquê e a virulência de Axl Rose ou a cartola de Slash. Rock´n´roll não é Cazuza em agonia na capa da revista, o berro e o cuspe de Kurt Cobain na TV, o revival, o mercado, a tendência. Rock´n´roll não se ensina ou se vende. Rock´n´roll não se experimenta! Rock´n´roll é a experiência. Rock´n´roll é vontade de sentir mais, é o que faz andar e o que faz sorrir. Rock´n´roll é o espírito da coisa, o comportamento que não se comporta, a atitude que não se ata.