Qualificação simplista = Rótulo.

Um gay (mais um) um dia foi posto pra fora de casa pelo pai quando foi descoberta sua homossexualidade. Anos depois esse mesmo pai liga pro namorado do filho (que é meu amigo) e diz: "Ei, moço, cuida direito do meu filho porque eu o amo muito, viu?".
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Me impressiona um pouco a hipocrisia ainda, de alguns, em pleno século de Nova Era. Talvez admitisse em alguns dos meus tataravós, bisavós. Mas hoje não mais. Tudo está muito escancarado. As pessoas estão pondo à mostra seus desejos. Estão sendo cada vez mais explícitos em suas sensações. Ninguém hoje mais consegue esconder de todo o que é. As máscaras estão sendo todas de gesso. À menor gota de água, amolecem. Ao menor toque mais forte, quebram. Vide a violência por aí, a liberdade de imprensa, tudo que ouvimos, pensamos, falamos.

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Numa superficial observação já se reconhece quem tenta por todas as formas esconder o que é. Numa observação mais apurada então, o que se vê são pessoas cada vez mais loucas e freneticamente tomadas por uma grande vontade de assumir suas posturas. O clichê da não rotulação, embora esteja repetitivo até, me vem sempre à mente quando sou tentada a dizer: "é, eu sou assim"..ou "faço assim e pronto". Me calo. Prefiro me calar a dizer que sou assim de tal forma e depois, posto que sou colocada sempre por mim mesma em cheque, nos sentimentos, ações, desejos, objetivos, voltar atrás e sofrer uma auto-punição violenta. Prefiro sofrer por admitir que tenho uma postura, algo que para alguns é um desvio talvez de personalidade ou de postura, do que sofrer, por me decepcionar de não ter tentado saber se sou, se quero ou se não fiz...Ou talvez ser assim hoje e amanhã já acordar de outro jeito. É delicioso saber-se livre para nem precisar dizer que é, ou faz, ou acontece, ou assume, ou deseja. Os outros sabem. Lhe reconhecem. Não questionam. Como é difícil se desprender de criação, religiosidade, influências familiares, etc e conseguir assumir o que é, ao mesmo tempo se moldar a padrões que não sejam libertinos e tantas vezes irresponsáveis, como a "modernidade" se impõe.
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Claro, ainda vem a mente quando se fala em rótulos, só se pensar na sexualidade de cada um. Não é só nisto, mas, principalmente nisto. Conheço tantas pessoas espetaculares, homens e mulheres, que não quero saber de rótulos. As pessoas estão aí para se encontrarem, se amarem, se conhecerem, se doarem, viverem em paz, experienciarem coisas e situações. O mundo está aí para as pessoas, principalmente para os sensíveis de coração. Sempre brinco com meus amigos, gays e não gays que serei sempre uma "pansexualheteroglsbt". Sempre. Porque não posso rotular algo que meu desejo não me disse ainda ou já me disse e eu não assumo. Gosto de homens sexualmente falando, disso já me certifiquei muito bem (posso usar o superlativo absoluto sintético "muitíssimo"), mas, vou negar que existem mulheres extremamente interessantes, inteligentes, bonitas, não-fúteis (creio que existam sim, embora sejam raríssimas), cheias de vida e que apareçam em meu caminho e que me despertem talvez algum desejo de tê-la por perto? Em pleno século de modernidade e tecnologia, sem querer ser modernosa demais, num olhar apuradíssimo, de quem olha tudo e vê o que é bom, não aceito mais, em meios que ando, de gente "up", que existam ainda rótulos de "danger" em um simples desejo de aproximação de quem quer que seja a quem quer que seja. Não há porque não demonstrar carinho, atenção, manifestar sua apreciação, seu encantamento por tantas pessoas, por conta do medo de lhe rotularem. É...creio que meu pai diria que preciso voltar a conversar mais com os mais velhos, com certeza...

Comentários

Anônimo disse…
E que reine a PAZ!!!!!!!!!! ;)

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