Contraste.
Porto da Barra. O mar cisma em fazer barulho. Acordo por causa dele. Mas acordo também, por ouvir sons de vozes sempre. Vozes de jovens se contorcendo, num vai e vem das cabeças, como se estivessem em transe. São muitos. O crack. A beleza que vejo da minha janela, do mar, onde a lua faz um caminho de prata, contrasta sim com a pobreza e o desconforto de saber que aqueles jovens ali são vítimas. Vítimas? Não. Eles querem se matar, sabe-se lá porquê. Eu sinto um misto de ódio, lamento e desprezo por eles. O que vejo todas as noites agora, num dos mais belos postais da Bahia, de Salvador, é lamentável e chocante. Meninas e meninos brigando por centavos, batendo carteiras de quem entra e sai dos prédios chiques, por causa do crack. Que ódio tô tomando cada vez mais das drogas. É uma burrice de palhaços imbecis e egoístas. Muito fácil andar chapado enquanto todo mundo se fode com a realidade nua e crua da vida, né?
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