Ela vai...
É, ela vai. Vai sair. O ar condicionado do quarto está ligado a 16º, para que as arrumações sejam mais confortáveis. Suas incontáveis calças jeans são espalhadas na cama para uma apenas ser usada, juntamente com os acessórios caros ou não, que só fazem completar a bela mulher que é. A composição, estilo de roupas, blusas serão as mesmas, mas agora com inumeras opções, todas lindas. Agora ela pode escolher mais, antes não. As sandálias plataforma, de sua preferencia tambem são uma duvida mortal, mas aquela que tem um ar mais sutil de sedução, óbvio, é a escolhida. Da escada do prédio desliga o alarme do carro, modelo 'Jipe', tambem com ar condicionado a mais ou menos 16º. Carro novo, carro alto. Gosta de sentir o cheiro dos bancos de couro e do escapamento quando ligado. Adora cheiro de gasolina e de óleo diesel. Tambem o cheiro que um carro tem do dono. O carro tem o cheiro dela. Por falar em cheiro..O perfume. Hum, o perfume..É aquele que ela desejou a anos. Dentre os vários, é aquele, suave, sensitivo, desequilibrante. Ela vai. Vai tambem a um restaurante japonês, comer, tomar saquê importado a vontade. Em outros dias, as conveniencias são extremamente aliviadas pela sensação de bem-estar em poder comprar as coisas que tanto desejou um dia. Seus filhos agora estudam em excelentes escolas, empreendem coisas grandes. Ela tambem. Pode comprar presentes para eles e para os amigos mais queridos sem ter que se preocupar com valores. E livros? Ai, e os livros! Ela vai . Vai comprar muitos livros! De todos os tipos e autores, mas os biográficos e técnicos serão preferidos. Não cultiva sentimentos de vingança ou alimenta sentimentos ruins, mas, sabe que agora vai e pode procurar sua familia, é, aquele irmão prepotente, cheio de empáfia, que um dia deixou de procura-la por sabe-la sem poder compartilhar do seu carro novo ou medo de pedir dinheiro emprestado, ou para uma viagem. já que não tinha grana. Ele só ia com ou convidava os amigos que tinham dinheiro e doía muito isso nela. Muito, já que ela o amava e ele, quando ela tinha alguma coisa materialmente falando, apreciava a sua companhia. Não, talvez não o procure, já que a vida lhe ensinou a lutar sozinha pelo que queria ter, mas antes de tudo dava valores maiores ao ser e agora te-lo perto entre sorrisos, não lhe fará bem. Talvez ligue para ele de vez em quando perguntando se está precisando de algo (isso inclui dinheiro). Ele nunca liga para ela, a irmã, nem prá saber se ela está bem de saude ou não. Sim, o pai dela tambem será agraciado pela sua atenção, embora não tenha tambem tido reciprocidade. A outra irmã mais velha, ah, sim, essa terá todo o seu apreço e cuidados. É sim um amor incondicional. E ela alimenta sim uma enorme vontade de retribui-la por tudo que já fez por ela um dia. Viajar, ah, ela vai viajar. Conhecer Paris ou ao menos o Brasil, o imenso Brasil. Ela vai. Vai poder viajar com os filhos, proporcionar a eles alegrias indizíveis nesse sentido. E ser reconhecida, finalmente. É... ela vai sair. Ela vai ...quem irá com ela?
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