Do not disturb.


Eu canso mesmo. Canso de algumas pessoas, de algumas coisas, lugares, formas. Sempre que arrumo a casa tenho que mudar a posição dos móveis e objetos, por exemplo. No caso de pessoas, preciso detectar nelas algumas coisas que não me tragam enfado, de forma que eu não queira logo me afastar delas, fico buscando ali, até encontrar. Enfado é uma palavra bonitinha pra não dizer 'entojo' mesmo. Isso parte sempre de um certo 'afastamento' delas. Um certo distanciamento é sempre saudável, mesmo morando juntos. Já fui casada algumas poucas vezes, já morei junto com amigos, enfim, já coabitei em vários modelos de relações e esta é a premissa básica: excesso de convivência é o funeral de qualquer boa relação. Quando se está conhecendo alguém ha aquela fase de encantamento. A criatura não tem defeitos. Aliás, óbvio que tem, mas o nosso olhar ainda está embassado. No meu caso, eu ia tão a fundo nesse encantamento que faço sempre a comparação com uma doença. Eu chegava tão proxima, mas tao proxima, que o outro acabava por ser contaminado com meus males, minhas manias, que eu passava a rejeitar o tal outro, sentir nojo, desapego, não pelos defeitos que muitas vezes ela já tinha, mas pela contaminação dos meus próprios defeitos, 'doenças'. Ops, comecei a falar no presente e agora falei no passado? É. Decerto que já mudei, e muito. Só que minha mudança não veio floreada com um falso idealismo romantico de que eu 'vou aceitar ao outro como ele é', ou a babaquice de Exupery do se tornar RESPONSÁVEL por alguém que você cativou. Deus que me livre! Primeiro que falarei de novo em funeral. Definitivamente o casamento pra mim é o funeral do amor romantico. E pra quem já jogou algum game mais moderninho, se voce não for adicionando ali um 'life' (eu matei o Diabão em Diablo..risos), morre mesmo. Continuam alguns sentimentos, outros nascem, como o carinho, admiração, outros se modificam, mas outros se perdem totalmente. Ontem saí pra me divertir na night com alguns amigos e encontrei um conhecido que veio me falar de uma pessoa que me afastei a pouco tempo atras. Essa pessoa era muito minha amiga. Na verdade, hoje páro pra pensar que eu me 'preocupava' mais com nossa amizade do que ela. Enfim, veio me dizer que essa pessoa sentia minha falta, que gostava de mim, mas que haviamos nos afastado por loucura minha. Que me achava louca, problematica, porque eu parei de andar com ela, parei de falar com ela, porque isso, porque eu aquilo. A nossa convivencia foi prejudicada, motivando meu afastamento mesmo, por conta das mudanças ocorridas nela, mudanças que não me deixaram mais enxergar aquela amiga de algum tempo atras. Soberba, prepotencia, arrogancia eram agora pertinentes em suas ambições, gostos, jeitos, e passamos a conviver alem das instancias que conviviamos, no trabalho e hierarquicamente falando ela era superior a mim. Na ultima conversa que tivemos ela largou uma frase linda: "Eu já paguei um preço alto demais por valorizar primeiro minhas amizades". A frase foi tão linda que eu decorei e não vou esquecer mais, ademais, me ajudou a não mais sentir falta dela nem de absolutamente nada do que diz respeito a ela. É, fez um efeito de cal em um corpo, que o dissolve. Daquele momento ali em diante eu comecei a fazer o luto daquela criatura e fico impressionada como a visão que passo a ter muda. A pessoa não morreu. Não, ta vivinha da Silva, mas eu a transformo em outra pessoa, "an passant". "Ai, como você guarda mágoa, etc", diria alguem. Nããooo...guardo não mesmo. Me culpo apenas porque é tão simples pra mim, é como apertar um botão ON e OFF. A figura que me abordou questionou meu afastamento desta outra, creio que na tentativa até de estragar minha noite, mas não conseguiu. E não sou menos problemática que ninguem, nem menos louca, antes, os que amo, e aos que amo, dedico meu sempre meio afastamento em benefício de uma relação duradoura e saudável. Ainda mais depois dessa ultima experiencia com essa "amiga". Quem sabe eu volte a me relacionar sim com ela, e com outros tantos que até um dia acharam serem meus amigos 'íntimos' e que eu simplesmente não conservei uma 'enfiação'. Mas a relação não vai ser mais a mesma. A distancia será delimitada agora. Aprendizado. Não gosto mesmo. Nunca gostei de andar enfiada na casa de ninguem, Sou bicho do mato, estranha quando se trata de invadir espaços alheios. Preciso ser exageradamente convidada a entrar, física ou emocionalmente. Estou a postos quando meus amigos precisam da minha ajuda, bem como tenho sim amigos bem solidários. Minha generosidade é uma coisa, andar enfiado é outra. Comemorar as alegrias dos meus amigos, compartilhar as minhas com eles tambem, mas precisar acordar no outro dia e dar bom dia, enquanto o outro ta com uma puta dor de cabeça por causa da cachaça da comemoração do dia anterior comigo é outra coisa. O meu entojo é como o comer demais e depois ficar enjoada, é como comer muito e querer vomitar, numa comparação bem pratica. Mas eu amo, amo muito e os que mais amo são aqueles que tambem respeitam isso. Tenho uma amiga de infancia que mora no Texas a anos e nos amamos sim, mas sabemos que cada uma tem que ter seu espaço, que se começassemos a conviver, poderia estragar tudo. E acho incrível como quando ela vem aqui e ficamos juntas, ela fica aqui em casa, ela mesmo fica sempre com muito cuidado de não estar me 'invadindo' muito, na nóia de não mudar meus gostos, meus costumes, etc. Talvez ela nem perceba isso, ou tenha uma inteligencia emocional compatível com a minha. No caso de relações afetivas falo em outro post ou já falei em outros textos, acho que sim, mas tambem ha que se manter tambem uma certa distancia. Excesso de convivencia tem que ser detectado a tempo. No caso de não poder se livrar da criatura, talvez um antiácido resolva...hehehe. Eu sempre encontro um remédio e talvez o 'MANTENHA DISTÂNCIA" seja o mais rápido e eficiente.

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