Quando o tempo parar pra mim, ou seja, quando eu morrer, me for, pare e lembre dessa imagem como a pessoa mais feliz que já existiu. Não, eu preciso de muito pouco. As tristezas só são bem-vindas quando elas me trazem um impulso sobrenatural para prosseguir, num acúmulo cotidiano de ser mais feliz ainda. Não compreendo como a nossa passagem aqui na terra não pode ser vivida com intensidade. A confusão de auto-destruição se instaura quando voce confunde viver intensamente com viver regaladamente, fazendo, usando e se utilizando de meios artificiais e de tantas formas auto destrutivas de corpo e alma, indo embora mais cedo do que deveria, inclusive. As faltas que sinto, os sofrimentos que me sobrevem, sim, claro, são sofridas com a intensidade em que são impostas, já que isso tudo faz parte do pacote existencial. Tô plena e feliz e isso é o que importa. Mais um ano vem aí e que venha, estou aqui para recebe-lo de braços abertos e sorriso largo.
'...todas as cartas são...'
Cartas, ah, as cartas de antigamente. Só quem cresceu escrevendo e recebendo cartas entenderá meu saudosismo. As cartas eram ansiosamente esperadas, talvez porque fossem as respostas ao que havíamos perguntado, mas também porque eram, sim, um bálsamo finalizador e curador da tal ansiedade em recebe-las. Para mim era sempre um ritual escrever cartas. Desde pequena minha mãe me ensinou toda uma aristocrática e tradicional forma de escrever cartas, do início ao final, até à postagem. Me colocava sentada na mesa da sala grande da casa onde morávamos, pegava aquele bloco de papel que era específico para escrever cartas, com aquelas folhas fininhas, delicadíssimas, e, de início, por ser pequena, escrevia com lápis, para poder apagar os prováveis e normais erros pueris. Aos poucos pude ir escrevendo de caneta. Começava sempre e invariavelmente com o cabeçalho, tipo: "Itapetinga, 22 de novembro de 1975". Depois, cerca de 3 linhas abaixo, a saudação: "Querida prima, Lau
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