Eu estava na Universidade e faz pouco tempo que os celulares existem mesmo, já que não tinha um ha muitos anos atras. Tive aulas normais e como sempre enfadonhas num curso tambem enfadonho, das 7 da manhã até a entrada da tarde. Chegando em casa, ainda casada e cansada, morta de fome, um cunhado que estava meio que trabalhando conosco veio me receber na porta de casa com um olhar estranho. Ora, eu tinha a chave do portão e não precisava ser recebida. A intuição materna e feminina apitou seu décimo sentido (não acredito nessa história que a gente tem só 7, temos muitos sentidos a mais..). Olhei bem nos olhos dele e ele já foi me dizendo bem devagarzinho: _"Oh, cunhadinha...é..bem...Huguinho..."..Eu nem terminei de ouvir e minhas pernas já estavam entrando pelo chão adentro. Sempre tive um certo auto controle nas situações mais intranquilas, mas, agir objetivamente é a única coisa que ainda me resta nestas tais situações. Eu já estava chorando e ele foi dizendo que Hugo, meu filho mais novo havia engolido, achava ele, uma moeda ou algum objeto qualquer e o pai tinha levado correndo ao pronto-socorro, porque ele estava...sufocando. Ele tinha lá pelos seus 2 aninhos de idade. Nem acabei de abrir o portão e saí correndo, mas foi correndo mesmo pela rua afora, chorando e em busca de um taxi. Encontrando com um, eu chorava tanto que o motorista ficou tambem apavorado e parecia ser com ele o episódio. O percurso foi um dos mais longos que já percorri. Eu queria voar. Chegando lá meu filho já estava na sala de cirurgia, o médico explicou que precisaria 'abrir' o esôfago pela boca mesmo, sem cortes, já que a tal moeda ficou 'colada' nele. Foi tudo bem, graças a Deus e meu filho está aí, lindo e forte. Estou contando isso, pensando numa mãe que por certo passou por instantes de desespero ha poucos dias atras. Ela deve ter recebido um telefonema ou visto, ou alguem avisou, que seu filho havia sido atingido no seu trabalho, por uma peça de um dos componentes do que ele trabalhava, que atingiu sua cabeça, através do capacete. A gravidade do acidente levou seu filho ao coma induzido e estou falando do Felipe Massa. Felipe Massa filho e prestes a dar um neto a sua mãe. Eu sempre me lembro das mães quando seus filhos sofrem ou são vítimas. Lembro-me que eu senti um misto de desespero, impotência e frustração, porque eu não estava perto do meu filho e poderia evitar que ele engolisse aquela moeda infame. Imagino o coração da mãe do Massa cada vez que aquele carro liga o motor. O nome dela é Elena (Com 'E') e estou muito feliz porque ela tambem está vendo seu filho bem agora, se recuperando. Torço pelos dois, como brasileira que sou. Torço pelo filho que vai ser pai, pelo profissional e torço pela mãe, que seu coração tenha cada dia mais força. Com certeza Deus estava ali, protegendo o filho dela..e ela, com seu coração sempre ajoelhado, em oração.
'...todas as cartas são...'
Cartas, ah, as cartas de antigamente. Só quem cresceu escrevendo e recebendo cartas entenderá meu saudosismo. As cartas eram ansiosamente esperadas, talvez porque fossem as respostas ao que havíamos perguntado, mas também porque eram, sim, um bálsamo finalizador e curador da tal ansiedade em recebe-las. Para mim era sempre um ritual escrever cartas. Desde pequena minha mãe me ensinou toda uma aristocrática e tradicional forma de escrever cartas, do início ao final, até à postagem. Me colocava sentada na mesa da sala grande da casa onde morávamos, pegava aquele bloco de papel que era específico para escrever cartas, com aquelas folhas fininhas, delicadíssimas, e, de início, por ser pequena, escrevia com lápis, para poder apagar os prováveis e normais erros pueris. Aos poucos pude ir escrevendo de caneta. Começava sempre e invariavelmente com o cabeçalho, tipo: "Itapetinga, 22 de novembro de 1975". Depois, cerca de 3 linhas abaixo, a saudação: "Querida prima, Lau...
Comentários
Que bom está tudo bem agora.
Desejo melhoras.
Que bom está tudo bem agora.
Desejo melhoras.