Não consigo esquecer. Não tem jeito. Todos os anos, já faltando um mês, até mais, já começo a lembrar.. e uma coisa, aquela nostalgia, aquele sentimento de abandono me vem. Hoje estão completando 18 anos da morte da minha mãe. Esse sentimento involuntário é, talvez, a maior e mais cortante experiência vital triste que tenho. Poderia agir com indiferença, ir abstraindo, mas não consigo até hoje. Ela morreu muito nova, aos 57 anos e eu tinha 24, ainda com intentos de tantos sonhos em que ela estivesse presente, sendo aquele pilar que sempre, sempre foi. Minha mãe era tudo que se podia pensar em brilhantismo, nao porque era minha mãe, mas era mesmo. Eu a admiraria mesmo se não fosse. Ela era mantenedora, ativa, tinha um poder de unir, arrematar coisas, fazer, desfazer, trabalhar, sorrir, cantar, amar, num altruismo que quase nunca mais vi em ninguem na vida. Sua dedicação à familia talvez a tenha até prejudicado, por ser tão heroicamente prestativa, ultrapassando até limites físicos par...