Trancou a porta antes de sair?

Eu tive uma lição essa semana como poucas vezes tive. Um acontecimento simples, mas que me trouxe um bombardeio emocional imenso. Tô ali fazendo uma reforminha numa casa e fui lá no final da tarde ver como estavam as coisas. O pedreiro adoeceu e fui ver em que pé havia deixado. Estava com muitas coisas em minha cabeça, de trabalho, etc. Entrei na casa, olhei tudo, saí, fui embora. Chegando em casa, passou algum tempo e de repente me deu um estalo, aqueles sustos que vem rapidamente na mente: eu tranquei a porta da casa? Na hora fiquei brigando comigo mesma, me achando chata e velha, e fazendo uma retrospectiva de todo o processo, imaginando que mais uma vez minha mente estava me pregando uma peça.

Ora, trancar uma porta é um ato mecânico e óbvio que eu devia ter trancado, afinal não sou louca de deixar tudo aberto. Tem um portão na frente, mas este está aberto ainda, sem trancas, nem cadeados. Claro, minha intuição ou sei la o que ficou martelando, mas, resolvi ignorar. Ou, quem sabe, testar essa tal intuição, essa nóia preventiva, ou sei la o que, repito. Passei a noite acordando lembrando disso e a agonia foi aumentando, mas a luta em me achar perfeita, já que acho sobrehumano eu cometer erros assim, ia vencendo. No outro dia acordei cedo e claro, fui pra la, antes do pedreiro chegar. No carro ia pensando e já me peguei orando e pedindo a Deus pra ter guardado a casa se eu porventura tivesse mesmo..assim, por um acaaaaaaaaaaaaaso deixado mesmo aberta.

Ok, portão aberto, abri devagar, chamando o pedreiro, porque avistei logo a porta: ABERTA! Tá bom, eu já contei essa historinha pro meu filho e ele me disse que era só um erro, que eu tinha que ficar calma, porque simplesmente chorei o dia inteiro com isso e não acreditei no que eu tinha feito. Eu entrei na casa, saí e não tranquei a porta. Eu não prestei atenção a um detalhe que poderia ter sido canal para coisas muito piores, alguem ter entrado, vândalos, e nem quero aqui dizer o que poderia ter havido ali, porque ia debulhar uma lista imensa.

Eu devia ter seguido minha intuição. Eu devia ter prestado mais atenção aos meus sentimentos. Eu devia ter sido mais atenta ao minuto ali vivido. Eu devia ter sido preventiva. Eu devia ter voltado lá quando senti que alguma coisa estava errada! Quando voltei pra casa, já entrei chorando e fiquei olhando pra dentro de mim mesma, refletindo como poderia ter sido uma distração com alguma coisa mais grave! Me culpando, culpando e culpando por ainda passar por uma coisa assim. É por isso que acontecem os acidentes, é por isso que algumas coisas ocorrem em nossas vidas, porque não adotamos algumas atitudes preventivas simples. É, sim! Não, eu não vou falar ao celular quando estou dirigindo porque eu não sou uma deusa, onipresente, onisciente e onipotente, ao contrario, eu sou falha demais e posso errar a toda hora, posso me distrair pegando alguma coisa no porta-luvas, por exemplo e acontecer uma tragédia, um acidente, por exemplos.

Eu achei que estava ficando louca, doente, com alguma doença cerebral degenerativa, não posso me lembrar disso até hoje ainda que me pego com lágrimas nos olhos, tambem pelo cuidado que DEUS tem comigo. Eu errei ali em não trancar a porta, mas não é sempre que isso acontece e justamente por ser um ato tão mecânico é que a lição foi tão forte. Agora me pego a cada segundo meio que observando os meus atos mais ainda, prestando mais atenção ao que faço, falo, aos atos mecânicos em várias estâncias. Os caminhos que percorro, as palavras que digo, porque aprendi, alem de muitas outras lições, com um episódio tão bobo, que eu sou sim, a mais humana das criaturas, a mais passível de erro, de um lapso, de uma falha, ou de falhas. Eu estou prestando sim muito mais atenção a tudo. A moral dessa historia é que não vou mais esperar o ladrão entrar pra depois trancar a casa, eu posso trancar sempre, fazendo a minha parte, tentando ao menos não errar tanto, dentro dessa natureza humana, errante e sim, muitas vezes sobrehumana.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

'...todas as cartas são...'

Poema declaratório.

Infame.