Minha avó era cega desde que me entendi por gente, embora tenha sido acometida de Glaucoma , segundo contavam, depois dos 40 anos. Embora fosse sogra da minha mãe, ela, minha mãe, assumiu, abnegadamente, a tarefa de cuidar da minha avó paterna. É, e era sogra. Apenas sogra (será que alguma nora vai cuidar de mim, ja que só tenho dois filhos machos?). Embora a criatura tivesse uma filha mulher e mais vários outros filhos, meu pai que ficou com essa incumbência de cuidar da mãe. Ele, meu pai, não tinha uma gota de paciência pra mãe, e, claro, minha mãe, toda a resignação, todo altruísmo possível, sabe-se lá porque, pela sogra. O cuidar era exagerado, já que ela tinha suas limitações e necessidades especiais. Na época não se tratava assim aos cegos, como 'portadores de necessidades visuais especiais'. Cego era cego mesmo e não saía de casa com cachorro-guia nem bengala. Quem cuidava tinha que fazer de tudo. Lá em casa era tudo em função da minha avó. Tudo sem adaptação pra ela,