Ao mestre Jobs, com carinho.
Como profissional, um gênio, uma lenda, um ser raro que enxergava à frente do seu tempo e, mais que isso, era capaz de reconhecer o revolucionário dentro do que para qualquer um pareceria óbvio. Como pessoa, difícil, briguento, perfeccionista, obcecado, um “chefe mau”, diziam alguns. Mesmo assim, não há quem tire de Steve Jobs o título de O mais genial dentre os mestres que usaram a tecnologia para mudar o mundo.
É necessário frisar isso – Jobs usou a tecnologia mas não era exclusivo dela. Engana-se quem pensa que falar de Steve Jobs é falar apenas de tecnologia, assim como estão errados aqueles que tentam jogar a maestria de Jobs para escanteio, acusando seus produtos de “nicho”. Jobs não era sinônimo de Mac!
Steve Jobs não transformou apenas o mercado de tecnologia, ele revolucionou o entretenimento como um todo, no que diz respeito a cinema (Pixar), leitura (iPad), música (iPod), telecomunicações (iPhone), computação pessoal (Macintosh), design (fontes, produtos diversos como os eMacs e iMacs), software, marketing e por aí vai.
O maestro da Apple não era um empresário, chegava mais perto do que poderia ser definido como “mágico”, capaz de pegar um produto e perceber detalhes que passariam despercebidos por qualquer um. Jobs amava a forma e sobretudo a simplicidade. Pensava como o usuário e não como o profissional que criava um produto. Ele conseguia transformar a mais complexa sopa de letrinhas em um produto que sequer traz manual!
Quando Jobs criou o iPod, todos nos perguntamos como ninguém tinha pensado naquilo antes – e não importa se já havia um MP3 player, mas foi Jobs que empacotou a música. Enquanto discutíamos a cegueira da indústria fonográfica, Jobs fez da iTunes um sucesso estrondoso vendendo entretenimento; enquanto Google, Motorola, Nokia, Sony Ericsson e etc corriam atrás de processamento, câmeras com muitos megapixels e hardware mais potente, Jobs lançava o mais simples dos telefones, tão simples que pode ser manejado por uma criança de dois anos ou pelo mais neófito dos avós; enquanto o mercado de computação corria atrás de processadores cada vez mais velozes, Jobs pensava na simplicidade do software, num sistema tão simples que só falta ligar sozinho (it just works, lembram?).
Jobs também criou o cinema de animação como conhecemos hoje. Só para citar alguns de seus feitos:Toy Story, Wall-E, Up, Procurando Nemo, Ratatouille e muitos outros. Precisa de mais? Sim, a sétima arte nunca mais foi a mesma depois que Jobs saiu da Apple, criou a NeXT e comprou a Pixar (1986!).
Mais do que pensar em produtos, Jobs nos ensinou a ter paixão. Ele era o mais apaixonado dos criadores, e sua paixão era expressa pelo perfeccionismo, pela beleza, pela sua participação em cada detalhe da criação, da experiência de uso e do empacotamento dos produtos. Comprar qualquer coisa da Apple é uma experiência única – é levar um pouco de paixão para a vida. E muito mais simplicidade.
A forma como compramos/baixamos/ouvimos música digital é completamente diferente hoje por causa de Steve Jobs; a experiência do usuário com o software nunca mais foi a mesma coisa desde que ele decidiu fazer de uma máquina complexa um aparelho pessoal que poderia ser usado por qualquer um; os telefones celulares podem ser divididos em Ai e Di – antes de iPhone e depois de iPhone. Tanto que, depois de janeiro de 2007, qualquer aparelho lançado, de qualquer marca, rodando qualquer sistema, passou a ser comparado a ele.
O design mudou radicalmente depois que Jobs teve a ousadia de apresentar ao mercado a nova geração de iMacs coloridos; depois, os iBooks (quem não sonhou com o branco?); o incrível iMac em formato de luminária, um escândalo! E muita coisa que veio a reboque…
O que será daqui para a frente? A Apple vai sobreviver, pode ser que suas ações caiam durante um tempo, mas a empresa é, como dizia o próprio Jobs, uma companhia madura formada por grandes mentes e profissionais bem preparados. Mas a genialidade, o toque de Midas de Steve Jobs, seguem com ele. Nunca mais teremos apresentações com “e mais uma coisinha”, e em seguida uma explosão de pontos de exclamação.
O iPhone 5 não será lançado por ele e sua indefectível vestimenta – camisa preta de gola rolê e calça jeans, que usava até nos fins de semana, segundo seu biógrafo Leander Kahney; a indústria perde um profeta da tecnologia, do cinema, do design, da música, da internet, da computação pessoal, dos gadgets, da animação, da forma como se pensa não o futuro, mas o que se espera dele no presente.
Não é sempre que nasce alguém assim, que deixa o mundo mudo e milhões de fãs entristecidos. Jobs conseguiu o que mais queria – deixou sua marca no mundo.
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