Gente víbora.


E ela é uma cobra. Sim, é que a cobra é traiçoeira, falsa, cheia de artimanhas. Mas é instintivo, a cobra-animal-bicho faz porque é um animal. Lembra daquela lição de casa que a gente tinha que escrever que gente é racional e bicho é irracional?  A cobra-bicho-animal é tomada por instinto. Mas ela, ela é cobra racional, seca seu alvo, lança seu bote, bota a língua pra fora e lança seu veneno, sem olhar a quem (muitas vezes) a maioria das vezes com uma mira certeira, porque quer matar, quer adoecer o alvo, até minguar suas forças.

Seu olhar é sagaz, doido para devorar presas indefesas,  e as que tentam se defender ela dá um giro por ali em volta e ataca por trás. Ela é traiçoeira. Impõe medo aos que passam, mas é colorida, as vezes se transforma em um bicho atraente, até sua voz de racional muda e ela é uma pomba. Nada. Ela continua sendo uma cobra peçonhenta, daquelas que o melhor autor de novelas jamais conseguiria colocar como vilã em nenhuma novela, porque tem jeito de gente, parece gente.

Ela sabe ser cobra, sabe ser víbora. Muito mais do que um bicho cobra. É que a palavra dilacera, mina, mata. E ela dissemina veneno, sai pulverizando veneno aos quatro cantos, mas numa pele de pomba, até asas cria. Sua camuflagem impede que os mais ingênuos percebam que ela é uma cobra peçonhenta. Amante de bichos que sou, mesmo assim, respeito os que são selvagens, que, pelo instinto animal podem me atacar. E é isso que tenho por ela: respeito. Respeito sua intrepidez em disseminar a fofoca, o hábito intragável e indigesto de estar pelos cantos destilando seu veneno verbal, de ir lá e tentar destruir reputações ilibadas.

Não consigo enxergar qualquer regeneração numa pessoa que gosta de ser cobra. Será que ela sabe que é uma cobra? Será que as amarguras da vida a fizeram se transformar numa cobra venenosa, que não fica feliz enquanto não destruir uma alma, um corpo, uma mente, uma reputação, por dia? E as vezes destrói o corpo, claro, já que o veneno é quase mortal e quem recebe essa energia adoece. Mas estou preparada com vários soros antiofídicos mentais, vários soros antiofídicos adquiridos pela experiência e pelo feeling em detectar uma cobra peçonhenta de longe.

E cobra não se mata, segundo os ecologistas. Mas desse tipo, mate. Mate com a indiferença, detecte suas artimanhas, busque entender sua geografia, os lugares secretos por onde ela quer entrar em sua vida. Blinde a sua alma contra seus venenos, sua calúnias. Lhe dê sua altivez, faça com lhe enxergue de baixo para cima, que é como uma cobra TEM que lhe enxergar. E que pena, SÓ pode lhe enxergar assim. Levante seu calcanhar para pisá-la, sem medo do seu veneno, com mais rapidez que ela, toda vez que perceber que ela está para lhe atacar.

E fique cada vez mais longe, cada vez mais longe dos seus ninhos, porque seu veneno angaria muitos e muitos aliados que, num passe de mágica, vão se transformando também em cobras. Mas a cobra mestre estará sempre ali, até um dia a vida vir e pisá-la, esmagá-la, apertar sua boca e tirar o veneno todo dos seus dentes, língua. E ela vai se desgraçar lá no precipício da vergonha, do suicídio moral, da especulação do outro em cobrar seus contrastes nas informações, nos seus venenos destilados por aí.


'Afiam a língua como a da serpente; veneno de víbora está em seus lábios... ' 
(Salmos 140:3)


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