Aperto de pé...

"Amiga ontem eu sentei aqui e meu pai ligado... aí botei mais um filme... escolhí JUMANDI... kkkk... nunca assisti... meu pai agora qdo eu sento aquí perto dele ele aperta meus dedos do pé, minha mão... assim, brincando comigo, sabe? Ele não fala muito, mas ontem riu muito assistindo o filme e olhava pra mim e se comunicava fazendo caras e bocas... Amiga não consigo nem colocar as em palavras a alegria que senti com esse momento raro de meu pai se comunicando comigo... brincando comigo como sempre brincou qdo nao tinha dementia...Esses momentos de ontem que vc teve com Daniel, curta muito amiga! Faça mesmo esses encontros semanais com ele uma coisa leve e gostosa, faça uma coisinha que ele gosta de comer... converse coisas que vão estimular o crescimento espiritual dele... são momentos amiga que ficam eternos dentro de nós!"


Um trecho de uma conversa com minha melhor amiga, que mora no Texas, distante geograficamente, mas, perto, muito perto, no coração. Trilhamos juntas vários caminhos desde à adolescência. Nunca, absolutamente nunca brigamos. Nunca, absolutamente nunca tivemos nada que não disséssemos uma à outra, mesmo que isso fira, doa e despedace. Da mesma forma não dizemos muitas coisas, em respeito uma à outra e algum dia, dizemos, quando queremos.Pastor James tem hoje Dementia e D. Ila também problemas por conta de um AVC.

Quis o Universo, Deus, que eles não brigassem, não se acusassem, passassem por isso juntos e não vou entrar em detalhes acerca das 'doenças'. Esse relato acima foi da minha amiga, que cuida dos pais com todo amor e só me emocionou, porque comungamos da certeza de que todos os dias acordamos para ser felizes, apesar das circunstancias. Nosso 'feel good' virou uma bandeira levantada na maior altura.

Conheci o Pastor James, Pastor evangelista Metodista, pai dessa minha amiga no mesmo momento da vida que a conheci. Um 'gringo' alto, lindo, engraçado, ativo. D. Ila, sua mulher e mãe da minha amiga, uma 'gringa' também alta, linda e que me ensinou a fazer a respiração correta e de cachorrinho quando fui ter Daniel, meu primeiro filho, sob o olhar atento e risonho da minha mãe. Ambos tinham o sotaque ainda pesado e engraçado, trocando palavras do inglês. Era um ambiente que eu nunca havia presenciado de muita descontração e energia sem iguais.

Passamos todos os dias por várias aflições, problemas, situações ruins e avassaladoras, mas, minuto a minuto resolvemos simplesmente prestar atenção nas mínimas coisas, nos sopros de vida que a própria vida nos dá, nas energias positivas ao nosso redor a nas lições espetaculares e fantásticas que tiramos desses sopros, as vezes bobos e que pros outros não significam nada.

Foi um presente que recebemos, essa certeza. Dissolvemos as crenças que nos limitavam e até nos levavam a acreditar que não somos merecedores de uma felicidade que merecemos sim! Passamos a cultivar segundo a segundo a energia da Gratidão e, mesmo sendo difícil, a transformação mágica e instantânea que acontece dentro da gente é impressionante. Diga que é clichê, mas não ligamos. É LEI. Dizemos sempre uma à outra que 'agora é que somos verdadeiramente CRENTES!'.

Daniel, meu filho e meus pés.
Meditar, se auto conhecer, tratar do espiritual aliado ao emocional é trocar químicas por tratamentos naturais para as questões emocionais que TODOS estão passíveis de viver. Agradecer antes de tudo é agradar aos céus. Para que estou passando por isso agora? E temos logo a resposta, já que antes já agradecemos pela mesma.

Ainda tenho o grande desafio de aprender a lidar com quem ainda é duro, frio, passivo diante da vida, que não procura aproveitar esses momentos que ela citou ali. Aceitar amigos e familiares indiferentes aos pais, aos irmãos, reclamonas e sem a mesma energia circulante que desejo, mas tenho certeza que esse desafio vai sendo vencido, lançando ao redor esse pozinho de pirlimpimpim, mágico e Divino, até que a blindagem do amor não me deixe mais 'sofrer' por e com essas pessoas.

Entender o sentido da vida, do amor, dos momentos, nos fez, a mim e a essa minha amiga (que foi quem me deu esse presente dessa consciência em um momento meu muito ruim) aprender também o que é a felicidade. Uma 'luta' diária, guerreada com armas de muito, muito prazer, simplicidade, sucesso, manifestações incríveis de desejos bons e de muita, muita ternura de vida. A vida aperta nosso pé, numa brincadeira deliciosa, subjetivamente cósmica e avassaladoramente perfeita. Nós sorrimos de volta.

Comentários

Unknown disse…
Que lindo amiga tudo isso q vc escreveu.
Amo tu

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