Google.

Sou do tempo em que isso aqui tinha até um certo valor. O que escrevia tinha valor e valores. Valores tão diferentes dos que vejo hoje. Já falava em liberdade quando surgiu a internet. Trabalhava, estudava, cuidava de casa, filhos e ainda assim escrevia de forma subliminar sobre empoderamento. Depois, lacrava só em sair a noite e namorar quem eu quisesse, vestir o que eu quisesse e me posicionar como eu quisesse também. Opinava ao vivo e a cores com amigos e pessoas que, óbvio, sempre pensaram diferente, mas, ao nos despedirmos, nos abraçávamos e a amizade e o respeito continuavam. Os tempos mudaram, sim. Eu mudei e tudo mudou. Escrever pra mim se tornou um ato solitário, exposição das minhas opiniões só
, e absolutamente só, com os que pensam igual. Pelo meu bem. Pela minha saúde emocional. Em alguns grupos os assuntos já chegam em caixas etiquetadas com 'esse assunto pode', 'esse assunto não pode'. Talvez você ainda consiga sobreviver em sociedade se você opta por umas dessas coisas: Ou você convive com pessoas assim, dessa forma, sempre evitando determinados assuntos; convive com pessoas medíocres que, tanto faz, falando ou não sobre qualquer assunto, polêmico ou não, estarão sempre ali, de passagem por esse mundo, falando da vida dos outros, sem um papo interessante, gente chata, rasa e vazia, sendo bobos de uma corte em um reino que nem existe e o tanto faz dos assuntos lhe deixa sempre no vácuo, em busca de alguem que ao menos leia o jornal do dia (to fora desses grupinhos); ou você convive com seus iguais, que pensam iguais e fazem tudo igual. De quem foi a culpa disso? Da política? Da religião? Da tecnologia? Quando sento para conversar com alguém e tenho que escolher assuntos, a falta de um pertencimento que tanto conheci, me angustia sobremaneira, confesso. Dentro da minha avalanche mental, sou soterrada por um desespero que me isola. Nem todo mundo merece (ou carece da) minha companhia, porque sou muito mais que qualquer assunto, tempo, espaço. Tambem segrego, também escolho assuntos, também deleto pessoas por causa dos seus posicionamentos políticos fanáticos. Tambem sinto ojeriza por gente politicamente correta demais, que antes sentava em boteco e hoje só senta em cadeira de griffe ou é fanaticamente fitness. Reconheço que me adaptei em alguns casos (rápidos e estanques), senão já tinha me matado. Raríssimas exceções ainda conversam comigo sem confundir ideologia com ética e caráter. Estamos todos em um mesmo barco, uns querem ficar sempre na proa, outros nos porões, mas estamos todos em um mesmo barco, afundando aos poucos. Escrever pessimismo foi uma das minhas mudanças ao vir aqui no blog. É muita decepção e loucuras por esse mundo afora e eu crio e recrio textões em meu cabeção, mas nem penso mais em passar pra esse espaço que já foi tão meu e tão libertador. Seria só mais um textão, de tantos textões por aí. Vocabulário acadêmico me enoja, a palavra 'narrativa' parece um dedo na minha garganta, proselitismos de quem acha que sabe tudo, que quer porque quer mostrar que sabe tudo é um chute no saco que nem tenho. E viva o Google que deu a um bando de gente que nunca leu um livro diplomas de medicina, letras, biologia e tudo mais! Jamais me contentaria em ser apenas mais do mesmo, sem querer ser prepotente. Mais do mesmo cansa. Não vim a esse mundo de passagem, vim pra fazer diferença em alguma coisa e farei isso, aqui, ou ali fora, do outro lado da tela. Se pareci envaidecida, ufaneada, me perdoem. Isso é só um jeito de dizer que estou sobrevivendo.

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