Inadequação-Não pertencimento.


Tendo que lidar com meu constante sentimento de não pertencimento, de inadequação. Estou sempre onde não queria estar. As pessoas geralmente são algozes e, não que eu seja perfeita, mas sempre imagino que devia me relacionar, estar, viver, entre pessoas civilizadas, bem-educadas, sem melindres nas mínimas e nas máximas coisas. Isso é um sofrimento e eu que o cultivei, sei bem disso. Colhemos o que plantamos e entender que ter estudado e lido tanto, pensar tanto de forma metafísica, querer ser e estar acima dos padrões, me fez transitar por um mundo paralelo, muitas vezes surreal e imaginário. Idealizo esse mundo o tempo todo. Não saberia coloca-lo em palavras. Seria simplório demais. Apenas transmuto. Esse sentimento de não pertencimento transforma tudo ao redor, sempre. É como se eu andasse e vivesse sempre de passagem. Como se, de repente, em um passe de mágica fosse alcançar o meu mundo paralelo perfeito. Aqui dentro ele já existe, mas é inenarrável. Se eu conseguisse defini-lo iria soar arrogante entre seres tão limitados. É um hermetismo constante, uma inadequação avassaladora e cruel. Já estive sem esse sentimento em poucos momentos da minha vida e, dentro da minha transmutação o sentimento livre do da inadequação é exaltado, aí fica tudo bem, muito bem. É para lá que quero ir. Sempre. É sobrenatural e inexplicável. A fala muda aqui, nesse plano. Me torno alguém igual a todo mundo, mas aqui dentro de mim não sou. Se há alguma explicação sobrenatural ou espiritual para isso, aceito saber. Acabo tendo sentimentos diferentes de todo mundo. Não romantizo tudo, consigo me esvaziar completamente de sentimentos, quando quero. Também consigo me encher dos que quiser, quando quero. O que são padrões normais, também transmuto. Rejeito naturalmente pessoas e coisas que parecem ser como o vento. Não tem cheiro, não tem cor, não tem nada que me chamem a atenção e fico fria como uma rocha de gelo. Ao mesmo tempo que consigo amar sem precedentes a outros. Coisas e pessoas. Minha incapacidade de pertencimento ao momento presente passeia entre entender a futilidade da vida e a oposta sensação de que eu sou uma centelha de Deus. Deus me criou de forma perfeita e soprou em mim o mesmo Espírito que há n'Ele, então, cada vez mais me sinto confortavelmente merecedora de viver ou estar em qualquer estado mental, físico ou espiritual que eu quiser e desejar. É meio que viver em um mundo paralelo, metafísico mesmo. Não quero e nem preciso ser entendida, talvez quando eu morrer, saibam que eu não pertencia mesmo a isso aqui. É pouco demais pra mim. Eu preciso das bilhões de galáxias, preciso de todos os mistérios ocultos (porque eles existem). É um  sofrimento esse sentimento, mas tenho que conviver com ele e ainda tentar ser feliz, o que o torna mais sofrível ainda. Entender o mistério do amor de Deus, de um Jesus morto, depois que vive, desse mistério todo do sobrenatural me enternece, mas também me exaspera. Eu sou parte disso tudo e não posso me safar de toda a carga emocional que me vem. Me emociona saber do amor e é só isso que me emociona hoje. SEntimento hoje que me assombra, mas transmuto ao meu mundo paralelo, perfeito e que só eu entenderei, sempre.

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